A crise da UERJ: O que se esconde por trás de tudo isso?

A crise da UERJ: O que se esconde por trás de tudo isso?


A Universidade Estadual do Rio de Janeiro, mas conhecida como UERJ, vem sofrendo um descaso absurdo ao longo dos anos. Por causa de todos os cortes orçamentais sofridos pela universidade, a UERJ se encontra hoje na maior crise já enfrentada em toda a sua história, desde sua fundação em 1950, e, se continuar dessa forma, a crise só tende a agravar. Diante desses cortes absurdos, a universidade permanece lutando diariamente para se manter aberta, apesar dos sucessivos atrasos nos pagamentos tanto dos professores quanto das bolsas estudantis e dos técnicos e tercerizados.
A precarização sofrida pela UERJ, responsabilidade do governo do Estado, sinaliza a forma como as instituições de ensino são uma das principais áreas à serem afetadas pelas crises sendo que, de todas as universidades, a UERJ é a mais atingida por esses cortes feitos pelo Estado. A educação sempre sofre cortes gigantescos, e o mais absurdo é que nunca há dinheiro para essa área, mas para as outras sempre têm. É fato que todo o sistema educacional brasileiro vem sofrendo esse sucateamento excessivo, todavia, a universidade parece ser o foco principal. Isso não é algo aleatório, tendo em vista que a UERJ possui um caráter bem menos elitista, comparada com as demais universidades, e ainda foi pioneira a introduzir o sistema de cotas no país. Portando, diante dessa realidade – que não é algo novo para ninguém –, é essencial entender o por quê que essa universidade tão importante e respeitada está cada vez mais solapada.



Todo esse abandono e desleixo diante dos problemas enfrentados pela esfera educacional são propositais. A crise na educação é um planejamento que ocorre há décadas, com o propósito de sucatear tanto as intituições públicas de ensino, que a única alternativa restante seria a própria privatização destas. À exemplo disso, pode-se sinalizar o editorial escrito esse ano por Luis Roberto Barroso, para o jornal O Globo, justificando a privatização da UERJ como a melhor solução para a crise na qual a universidade se encontra. Ademais, ele ainda falou que pretendia converter a Faculdade de Direito da universidade em uma espécie de Harvard, sinalizando que o seu intuito com a privatização não é somente o melhoramento da faculdade, mas também a elitização dela.
É nítida a forma como Luis Roberto Barroso propõe resolver o problema da UERJ, buscando a sua privatização, ignorando por completo o legado que essa universidade possui de inclusão, uma vez que ela foi não só  primeira a trazer o sistema de cotas para dentro da instituição, como também criou os cursos noturnos, possibilitando àqueles que trabalhavam ter um horário de estudos. Tendo isso em mente, o corte das bolsas dos estudantes de direito é um mecanismo utilizado não só para distanciar a faculdade dos demais cursos, como também para dificultar a formação dos estudantes cotistas, tendo em vista que esses seriam deixados de lado. Isso se torna um absurdo ainda maior, se levar em conta que a UERJ é uma universidade com uma vasta composição de estudantes trabalhadores e negros, o que torna essa ação ainda mais abominável.
Por fim, como forma de manter seu funcionamente e de afirmar a sua importância, além de lutar por um futuro, no mínimo descente, a universidade com a sua campanha #UERJresiste, vem desenvolvendo meios de sinalizar que aqueles que compõem a universidade não se calarão diante dessa atrocidade. Por meio de ferramentas como a internet, sem falar de mecanismos como a greve, além de outros, eles mostram que a UERJ é uma faculdade singular que veio pra ficar.
  
O movimento #UERJresiste vem chamando cada vez mais a atenção da população para as dificuldades enfrentadas por essa universidade, e agregando força à esse movimento. A permanência da greve na UERJ, como forma de resistência é uma das ferramentas utilizadas para promover a luta da universidade. É de suma importância que a luta da UERJ ultrapasse os muros da universidade e chegue às ruas, para que eles consigam tanto um maior apoio da população quanto apontar a verdade sobre os problemas sofridos pela educação brasileira.
Em decorrência disso, eventos como o aulão fora da universidade, que juntou mais de 100 pessoas entre técnicos, professores e alunos, que ocorreu na frente da universidade, são de exacerbada importância para a manutenção do movimento. Esse evento específico fechou parcialmente a Avenida São Francisco Xavier, e, além de chamar a atenção das pessoas que vivem nos arredores da universidade atraiu também o olhar daqueles que passavam pela rua que, como sinal de apoio ao movimento, aplaudiram essa iniciativa.
Por fim, além dos aulões públicos e da permanência da greve, a realização do evento “Supera Rio UERJ”, que ocorreu no dia 14/08, trouxe palestrantes e algumas atividades visando sinalizar e debater sobre, não só a crise na univerdade, mas sim no sistema educacional como um todo, além de discutirem formas de resistências à esse projeto de sucateamento do setor da educação. 
Logo, apesar de todos os problemas supracitados, o foco do texto é tanto sinalizar a história por trás dessas crises absurdas que afetam o sistema educacional, quanto mostrar a importância da luta das universidades para continuarem em pé. É preciso entender que a problemática da educação brasileira é algo que abrange muito mais do que é dito pela mídia e pelo governo do Estado. É necessário buscar o verdadeiro motivo por trás desses acontecimentos, para assim apreender o tamanho da luta que os movimentos estudantis passam diariamente para conseguirem manter o nível da qualidade de suas respectivas instituições de ensino. Seja qual for a universidade, não devemos deixar o legado que ela carrega acabar! A UERJ vem lutando para promover um ambiente de ensino igualitário e que agrega cada vez mais as minorias, e o fato da crise nas universidades afetar mais a UERJ do que as outras NÃO é algo aleatório e NÃO deve ser deixado de lado. Portanto, não devemos esquecer do verdadeiro motivo pelo qual a #UERJresiste!  
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A crise da UERJ: O que se esconde por trás de tudo isso? A crise da UERJ: O que se esconde por trás de tudo isso? Reviewed by Vinicius Gallier on agosto 18, 2017 Rating: 5

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