Em 1927, a Academia das Artes e Ciências
Cinematográficas criou o Oscar, com o intuito de honrar o desempenho dos atores
e atrizes, diretores e os outros realizadores, além de alavancar seus filmes.
Ele foi dividido em 24 categorias, cada uma representando uma aspecto a ser
analisado nos filmes. A primeira cerimônia do Oscar aconteceu no Hotel
Roosevelt – em Hollywood –, em 16 de maio de 1929. A partir desse dia, milhares
de troféus foram entregues à diversas pessoas pertencentes desse ramo, em uma
festa que se transformou em um dos maiores eventos que existem. Todavia, o
objetivo desse texto não é discorrer sobre a história do Oscar, como uma
cerimônia festiva, e sim, debater sobre a questão da representatividade, fator
que se tornou um aspecto a ser discutido nos ultimos anos.
Ao longo dos 87 anos de existência dessa cerimônia,
somente 15 atores negros foram indicados ao Oscar, sendo somente 5 vencedores
das categorias ator/atriz principal. Os únicos cinco negros a vencerem tal
categoria nesse evento foram os atores Sidney Poitier, Denzel Washington, Halle
Berry, Jamie Foxx e Forest Whitaker. Ademais, a primeira indicação ao Oscar
para uma atriz/ator negro só ocorreu 10 anos após o surgimento dessa cerimônia.
A atriz Hattie McDaniel ganhou com a personagem Mammy, de “E o vento levou”. Além
disso, o primeiro afro-americano a ser indicado como melhor ator – em 1958 –
pelo filme “Acorrentados”, e também o primeiro a ganhar o Oscar – em 1963 – com
a obra “Uma voz nas sombras”, foi o ator Sidney Poitier. Portanto, nota-se que
desde o início, existe uma certa ‘resistência’ por parte do corpo que analisa
os filmes, em destacar os atores negros, e isso ocorre desde 1929. Não houve
uma ruptura completa disso.
lém desses dois atores supracitados, alguns dos
demais negros que foram indicados ao Oscar ao logos desses anos foram: James
Earl Jones, em 1970, por “A grande esperança branca”; Diana Ross, em 1972
indicada na obra “O ocaso de um estrela”. Outrossim, entre os anos de 1963 e
1982, somente sete negros foram indicados nessas cerimônias, sendo Louis Gossett
Jr, o ganhador da categoria melhor ator coadjuvante em 1982, no filme “A força
do destino”. Além disso, em 1989, Denzel Washington ganhou a estatueta como
ator coadjuvante, com o filme “Tempo de glória”, sendo que ele já tinha
disputado esse prêmio dois anos antes, com “Um grito de Liberdade”, além de
concorrer ao prêmio de melhor ator principal em 1993 com a obra “Malcolm X”,
sendo posteriormente indicado por “Hurricane” (2000) e “O vôo” (2013). Em 2001
ele ganhou a estatueta de melhor ator principal, pelo filme “Dia de
treinamento”, ano esse em que Halle Beery se tornour a primeira mulher negra a
ganhar um Oscar na categoria melhor atriz principal, sendo até hoje a única
negra que conseguiu isso, além de ter sido o único ano no qual os dois
principais vencedores dessa cerimônia são negros. Após esse acontecimento,
atores negros só seriam premiados três anos depois. Jamie Foxx foi comtemplado,
por seu papel na cinebiografia “Ray”, enquanto Morgan Freeman conseguiu o
prêmio como ator coadjuvante em “Menina de ouro”. O ano de2006 também foi bom
para atores negros na cerimônia do Oscar. Forest Whitaker levou o prêmio de
melhor ator por “O último rei da Escócia”, e Jennifer Hudson venceu como atriz
coadjuvante com o musical “Dreamgirls”. Desde 2006, atores negros só retornariam
a obter esse prêmio como coadjuvantes. Em 2011, Octavia venceria por
"Histórias cruzadas", enquanto Lupita
levaria o prêmio em 2013, com "12 anos de escravidão".
A partir de todos os aspectos supramencionados, é
nítida e justa a insatisfação de determinados atores com essa cerimônia. Nos
últimos dois anos – 2015 e 2016 –, a lista de indicados ao prêmio , não incluia
nenhum artista negro entre as 20 pessoas escolhidas pelo segundo ano consecutivo,
sendo que havia filmes e atores negros que poderiam ter sido indicados e
simplismente foram deixados de lado, tal como Will Smith em “Concurssion”;
a cineasta Ava Duvernay, em “Selma” e Idris Elba em “Beasts of No Nation”.
O predomínio de atores brancos causou descontentamento entre as personalidades
do cinema mundial. O cineasta Spike Lee informou em uma carta aberta, o seu
aborrecimento em "Como é possível que, pelo segundo ano consecutivo, os 28
aspirantes às categorias de ator e atriz (principal e coadjuvante) sejam todos
brancos?". Como forma de protesto, atores e cineastas informaram
que fariam um boicote à cerimônia que ocorreu em 28 de fevereiro, utilizando a
hashtag #OscarsSoWhite.
Jada Pinkett-Smith , a mulher do ator Will Smith, mostrou
apoio ao boicote do Oscar 2016, desmonstrando sua decepção com a pouca
credibilidade que deram pela performance de seu marido no filme "Um Homem
Entre Gigantes", e declarou: "Implorar reconhecimento ou inclusive
pedir nos tira dignidade e poder, e nós somos um povo digno e poderoso".
Após todos esses empecilhos, a Academia de Artes e
Ciência Cinematográfica demonstrou sua vontade de melhorar esse aspecto tão
criticado pelas personalidade desse ramo. A lista de indicados conta com seis
indicações de pessoa negras, sendo esse o novo recorde, anteriormente obtido em
2006 com 5 indicações. Pela primeira vez na história do Oscar, todas as seis
principais categorias possuem pelo menos um negro na lista. Esta é também a primeira vez em que três
atrizes negras são indicadas em uma única categoria – atriz coadjuvante. Dessa forma, a atriz Viola
Davis – concorrendo em "Cercas" –
tornou-se a primeira atriz negra a ser indicada três vezes ao Oscar.
Essa edição ainda traz algo inédito, Joi McMillon se tornou a primeira mulher
negra a receber uma indicação por Melhor Edição, pelo filme
"Moonlight".
Portanto, apesar desse avanço na cerimônia de 2017,
é visível que a questão da representatividade é um elemento que ainda precisa
ser debatido e erradicado, não só desse meio, mas de todos. O fato de ter
aumentado o número de indicações à pessoas negras depois da ocorrência de um
boicote não deve se repetir, pois enquanto uma minoria necessitar boicotar
algo, ou protestar de alguma forma para chamar a atenção ao invés de
simplesmente tê-la, não teremos um meio justo e igualitário de vida, pois ninguém
quer implorar para que seus talentos sejam vistos, o que eles querem, assim
como qualquer outra pessoa é reconhecimento.
É exatamente o que a Jada Pinkett-Smith declarou, essa pseudo-invisibilidade só
existe para diminuir um povo que é forte e possui uma voz ativa e que deve ser
mais ouvida, por todos, em todos os aspectos. #Space
A problemática da representatividade no Oscar
Reviewed by Vinicius Gallier
on
fevereiro 24, 2017
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