A crise da UERJ: O que se esconde por trás de tudo isso?
A precarização sofrida pela UERJ,
responsabilidade do governo do Estado, sinaliza a forma como as instituições de
ensino são uma das principais áreas à serem afetadas pelas crises sendo que, de
todas as universidades, a UERJ é a mais atingida por esses cortes feitos pelo
Estado. A educação sempre sofre cortes gigantescos, e o mais absurdo é que
nunca há dinheiro para essa área, mas para as outras sempre têm. É fato que
todo o sistema educacional brasileiro vem sofrendo esse sucateamento excessivo,
todavia, a universidade parece ser o foco principal. Isso não é algo aleatório,
tendo em vista que a UERJ possui um caráter bem menos elitista, comparada com
as demais universidades, e ainda foi pioneira a introduzir o sistema de cotas
no país. Portando, diante dessa realidade – que
não é algo novo para ninguém –, é essencial entender o por quê que essa
universidade tão importante e respeitada está cada vez mais solapada.
Todo esse abandono e desleixo diante
dos problemas enfrentados pela esfera educacional são propositais. A crise na
educação é um planejamento que ocorre há décadas, com o propósito de sucatear
tanto as intituições públicas de ensino, que a única alternativa restante seria
a própria privatização destas. À exemplo disso, pode-se sinalizar o editorial
escrito esse ano por Luis Roberto Barroso, para o jornal O Globo, justificando
a privatização da UERJ como a melhor solução para a crise na qual a
universidade se encontra. Ademais, ele ainda falou que pretendia converter a
Faculdade de Direito da universidade em uma espécie de Harvard, sinalizando que
o seu intuito com a privatização não é somente o melhoramento da faculdade, mas
também a elitização dela.
É nítida a forma como Luis
Roberto Barroso propõe resolver o problema da UERJ, buscando a sua
privatização, ignorando por completo o legado que essa universidade possui de
inclusão, uma vez que ela foi não só
primeira a trazer o sistema de cotas para dentro da instituição, como
também criou os cursos noturnos, possibilitando àqueles que trabalhavam ter um
horário de estudos. Tendo isso em mente, o corte
das bolsas dos estudantes de direito é um mecanismo utilizado não só para distanciar
a faculdade dos demais cursos, como também para dificultar a formação dos
estudantes cotistas, tendo em vista que esses seriam deixados de lado. Isso se
torna um absurdo ainda maior, se levar em conta que a UERJ é uma universidade
com uma vasta composição de estudantes trabalhadores e negros, o que torna essa
ação ainda mais abominável.
Por fim, como forma de manter seu
funcionamente e de afirmar a sua importância, além de lutar por um futuro, no
mínimo descente, a universidade com a sua campanha #UERJresiste, vem
desenvolvendo meios de sinalizar que aqueles que compõem a universidade não se
calarão diante dessa atrocidade. Por meio de ferramentas como a internet, sem
falar de mecanismos como a greve, além de outros, eles mostram que a UERJ é uma
faculdade singular que veio pra ficar.
O movimento #UERJresiste vem
chamando cada vez mais a atenção da população para as dificuldades enfrentadas
por essa universidade, e agregando força à esse movimento. A permanência da
greve na UERJ, como forma de resistência é uma das ferramentas utilizadas para
promover a luta da universidade. É de suma importância que a luta da UERJ
ultrapasse os muros da universidade e chegue às ruas, para que eles consigam tanto
um maior apoio da população quanto apontar a verdade sobre os problemas
sofridos pela educação brasileira.
Em
decorrência disso, eventos como o aulão fora da universidade, que juntou mais
de 100 pessoas entre técnicos, professores e alunos, que ocorreu na frente da
universidade, são de exacerbada importância para a manutenção do movimento.
Esse evento específico fechou parcialmente a Avenida São Francisco Xavier, e,
além de chamar a atenção das pessoas que vivem nos arredores da universidade
atraiu também o olhar daqueles que passavam pela rua que, como sinal de apoio
ao movimento, aplaudiram essa iniciativa.
Por fim, além dos aulões públicos
e da permanência da greve, a realização do
evento “Supera Rio UERJ”, que ocorreu no dia 14/08, trouxe palestrantes e
algumas atividades visando sinalizar e debater sobre, não só a crise na
univerdade, mas sim no sistema educacional como um todo, além de discutirem
formas de resistências à esse projeto de sucateamento do setor da
educação.
Logo,
apesar de todos os problemas supracitados, o foco do texto é tanto sinalizar a
história por trás dessas crises absurdas que afetam o sistema educacional,
quanto mostrar a importância da luta das universidades para continuarem em pé.
É preciso entender que a problemática da educação brasileira é algo que abrange
muito mais do que é dito pela mídia e pelo governo do Estado. É necessário
buscar o verdadeiro motivo por trás desses acontecimentos, para assim apreender
o tamanho da luta que os movimentos estudantis passam diariamente para
conseguirem manter o nível da qualidade de suas respectivas instituições de
ensino. Seja qual for a universidade, não devemos deixar o legado que ela
carrega acabar! A UERJ vem lutando para promover um ambiente de ensino
igualitário e que agrega cada vez mais as minorias, e o fato da crise nas
universidades afetar mais a UERJ do que as outras NÃO é algo aleatório e NÃO
deve ser deixado de lado. Portanto, não devemos esquecer do verdadeiro motivo
pelo qual a #UERJresiste!
#Space
A crise da UERJ: O que se esconde por trás de tudo isso?
Reviewed by Vinicius Gallier
on
agosto 18, 2017
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